TRÊS EM POESIA

Blog poético produzido por três cabeças, três poetas (Debora, Paulo e Denise), três em poesia constantemente, salvo nos momentos em que estão completamente lúcidos, o que é raro.

quinta-feira, junho 29, 2006

Almas do deserto, deserto da alma

Sua presença

Tirou do deserto minha alma

Tento ser poeta com palavras emprestadas

Só consigo ser romancista de épicos

Escrevo sem réplica nem tréplica

Digo coisas sem eira nem beira

Cometo insanidades com lápis na mão

Aviso aos céticos de domingo

Nem tudo que escrevo deve ser levado a sério

(não me leve a sério então)

Esqueça as palavras ditas os beijos,

as noites, e, principalmente, as manhãs

aquelas em que acordamos juntos

Minha alma ama o deserto.

domingo, junho 25, 2006

Em um pub irlandês

Deixarei que me encontrem bebendo chope escuro
em um pub irlandês.
Baudrillard faz sentido após algumas horas:
“O sistema gira, sem fim e sem finalidade”
Nuas mãos brancas na mesa,
brincando com a chama da vela...
É meu chope que espuma ou serei eu?
De óculos escuros ao lado dos castiçais,

em cool dark room (este cool inóquo) eu não o saberei.
Alguém precisa me encontrar,
por isso darei algumas pistas.
Não sou amor a primeira vista.
Não sou flor que se cheire
(nem espinho que se pise).
Tenho uma alegria pensativa
e uma alma nortuna (boêmia).

Pessoas inesquecíveis
(não me lembro de tê-las conhecido)
em que tempo,
vida, dimensão os conheci?
Rostos familiares. Déjà-vu.

Fazem parte de minha memória volátil.

sábado, junho 24, 2006

Folia























Uma vez, em Veneza,
fantasia escondia minha alegria
de ver luzes ocultas em seus canais
Uma vez, em Fantasia,
minhas águas
espelharam
o amor de Narciso por um peixe

Uma vez, em Águas,
minha tristeza transfigurou-se em alegria
fiz-me sereia

Tirei a máscara.
Criei escamas.
Amei como se não fosse Carnaval.





quinta-feira, junho 22, 2006

Quedas de outono


Morna luz outonal
Recolore a cor sépia daqueles sentimentos antigos -
Lembranças descartáveis no fim da estação
Mentiras no mês de maio
Incertezas em junho
Medos em julho
Abriram um caminho queimante em meu coração
Folhas dos caminhos ardem
Meu coração avança rumo ao fogo desconhecido
São cores de um ser vencido
São pedaços de mim que partem



quarta-feira, junho 21, 2006

Palavras dúbias

Quero destilar palavras dúbias

Coá-las em redes triangulares

Compor em três dimensões

Poesias dialéticas

Imagem, sonho e ritmo

Elementos dessa trama - alma

Da alma que insanidades trama

Em versos, taças e sauna

Quero diluir os medos

Em soluções epiléticas

Quero condensar os sonhos

Em traças epidérmicas

Roedoras das tramas das redes

Eliminadoras dos traços poéticos.

Que sobra ao final da palavra dúbia original?

Uma verdade ao gosto dos céticos.

TRÊS EM POESIA


Ser poeta é ser louco sadio
Ensandecer versos sóbrios
Adoecer por prazer de ser lido.
É ter alma ao avesso e palavras loucas
Amanhecer pleno de suores
Escrever palavras geladas
Que derretam na boca do tímido
Que escorram nas pernas das letras san seriff.
Escrever verdades vermelhas, pagãs e mundanas.
E que as verdades, coloridas ou não,
Sobrevivam melhor entre parênteses
E as mentiras entre aspas.